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terça-feira, 19 de julho de 2011

Poesia marginal

Centro da cidade. Tarde de julho. O que eu fora fazer já estava resolvido e agora estava em pé, sem destino certo, pensando em que direção tomar. O que fazer. Eu era um ponto fixo, imóvel, indeciso, no meio da correria das pessoas agitadas e preocupadas do centro. Ternos, gravatas, saltos altos. E eu. Estranho. Nesse momento, não sei de onde, surgiu um homem simpático, comunicativo e direto que veio a mim. Oferecia sua poesia numa folha xerocada. De um lado, poemas; de outro, um desenho seu. Normalmente, reajo mal a esse tipo de abordagem. Sou severo, crítico, implacável. Também preconceituoso, confesso. Mas hoje não. Respondi com simpatia ao poeta. Seu rosto me era familiar, mas, na hora, não sabia de onde o conhecia. Agora me lembro. Mundo pequeno. Centro da cidade. Brinquei que ele revivia a geração mimeógrafo. Ele apontou divergências. De bom humor, comprei sua xerox, suas poesias, seu desenho - um real. Me distanciei pensando em sua coragem. Ou maluquice. No bom sentido, claro. Eu, por exemplo, morro de pudores a mostrar algum poema meu para alguém. Chamar de poesia seria petulância. Poesia ou poema, não ganham as ruas. Vão se acumulando em uma pasta no computador. Sem leitores. Sem coragem. Sem. À espera de que Alguém resolva publicá-los. Oferendá-los ao mercado editorial. Atingir a crítica especializada. Delírio. Quanto ao poeta do centro da cidade, não cabe a mim tecer comentário acerca de seu trabalho. Ele também tem um blog. Visitei-o. Mas, em seu blog, apenas seu trabalho como artista plástico, nada de poemas. Quem se interessar, basta clicar aqui. Seu nome, Alexandre Tinoco.

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