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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

SIM

Amanhece, como em todas as manhãs, sem querer erguer-se da cama. Traga o cigarro ainda apagado e então levanta-se em busca do fósforo, instrumento para a combustão urgente para acender o espírito. Eis que a vida, entre baforadas, sorri para o infeliz. Toca o telefone, no volume mais alto possível, espécie de fanfarra estridente. Na linha, a voz do amor. Gagueja o semi-desperto e sorri ao som do inusitado, sempre a pilheriar com os incrédulos. Recebera, de supetão, um pedido de casamento. Inábil e rancoroso com o Cupido, emudeceu e somente disse o inaudito. Desfilou o rosário de impudências e imprudências, quando tudo que precisava dizer era um simples sim. Diante do fantástico, o amor, despeitado, virou raiva, talvez mágoa, vá saber o Tempo, deus dos deuses. Mal acordara, já não tinha mais nem casamento, nem companheira. Cansou-se a mulher, não antes de reduzi-lo a nada. Encontrou abrigo num quarto, longe de casa e do mundo, distante da vida que já não tinha.

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